Então, de repente, Rob se inclinou e pegou o caderno e a caneta das minhas mãos. Olhou meu dever, assentiu e virou a página. Depois escreveu uma coisa e me passou de volta o caderno e a caneta. Olhei o que ele tinha escrito. Era:
“Afinal, você pegou chuva ontem?”
Olhei para a Srta. Clemmings. Não sei se podemos ou não passar bilhetes na detenção. Nunca ouvi falar de ninguém ter feito isso antes.
Mas a Srta. Clemmings nem estava prestando atenção. Ela estava assistindo Claire Lippman executar um monólogo chato de dentro de uma grande lata de lixo Rubbermaid.
Escrevi “sim” e passei o caderno de volta para ele.
Não era nada de genial. Mas o que mais eu poderia dizer?
Ele escreveu alguma coisa e me devolveu o caderno. Ele tinha escrito: “Eu disse. Por que não larga a garota gorda e vem dar uma volta comigo depois disso?”
Meu Deus. Ele estava me chamando para sair. De uma certa forma.
E também estava insultando minha melhor amiga.
“Você tem algum problema mental, por acaso? Acontece que aquela garota gorda é minha melhor amiga” — respondi.
Ele pareceu gostar disso. Escreveu por um longo tempo. Quando peguei o caderno de volta, era isso que tinha escrito: “Meu Deus, me desculpe. Eu não fazia idéia de que você era tão sensível. Permita-me reformular. Por que não dispensa sua amiga gravitacionalmente deficiente e vem dar uma volta comigo depois daqui?”
Escrevi: “Hoje é sexta-feira, seu lesado. O que você acha, que não tenho planos? Eu tenho namorado, sabia?”
Achei que a parte do namorado era forçar demais a barra, mas ele pareceu acreditar. Ele escreveu: “É? Aposto que seu namorado não está reconstruindo uma Harley 64 no celeiro.”
Uma Harley 64? Meus dedos tremiam tanto que eu mal conseguia escrever. “Meu namorado não tem celeiro. O pai dele (já que eu estava inventando um namorado, achei melhor dar uma origem impressionante a ele) é advogado.”
Rob escreveu: “E daí? Dá um fora nele. Vamos dar uma volta.”
Foi nessa hora que Hank Wendell se inclinou e falou:
— Wylie. Wylie?
Do outro lado de Rob, Greg Wylie se inclinou e falou:
— Chupa isso, Wendell.
— Vocês dois — sibilei por entre dentes —, calem a boca antes que Clemmings olhe pra cá.
Hank jogou a bola de papel na direção de Wylie. Mas Rob esticou a mão e a pegou antes que ela caísse onde ia cair.
— Vocês ouviram a moça — disse, com uma voz ameaçadora. — Parem com isso.
Tanto Wylie quanto Wendell sossegaram. Nossa. A Srta. Clemmings estava certa. Era incrível o que um pouco de estrogênio podia fazer.
“Tudo bem”, escrevi. “Com uma condição.”
Ele escreveu: “Nada de condições.” E sublinhou isso repetidamente.
Escrevi em letras de forma garrafais: “Então, não.”
Ele viu o que eu estava escrevendo antes que eu terminasse. Arrancou o caderno de mim, irritado, e escreveu: “Tudo bem. O quê?”
(“Quando cai o raio”, pag. 71-74, de Meg Cabot.
Série “Desaparecidos”, livro 1.)
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