— Vou contar a Douglas.
— Ah — ouvi minha mãe dizer. — Jess?
Mas fui em frente. Eu sabia o que ela ia dizer para não incomodar Douglas. Era o que minha mãe sempre dizia.
Na verdade, gosto de incomodar Douglas. Além disso, perguntei ao Sr. Goodhart sobre isso, e ele disse que provavelmente é uma coisa boa incomodar Douglas. Então eu o incomodo muito. Vou até a porta do quarto dele, que tem um grande aviso de “Não Entre” pendurado, e bato nela com muita força. Depois grito: “Doug! Sou eu, Jess!”
E então entro. Douglas não pode mais trancar a porta do quarto. Não desde que meu pai e eu tivemos que derrubá-la no natal passado.
Douglas estava deitado na cama, lendo um quadrinho. Tinha um viking na capa e uma garota peituda. A única coisa que Douglas faz desde que voltou da faculdade é ler quadrinhos. E, em todas as histórias em quadrinhos, as garotas são peitudas.
— Advinha — falei, me sentando na cama dele.
— Mikey passou para Harvard — disse Douglas. — Já soube. Acho que a vizinhança toda já deve saber.
— Não — respondi. — Não é isso.
Ele me olhou por cima da revista em quadrinhos.
— Sei que mamãe pensa que vai levar nós todos pro Mastriani’s pra comemorar, mas eu não vou. Ela vai ter que aprender a conviver com decepções. E é melhor você manter suas mãos longe de mim. Não vou, e não importa com que força você me bata. E dessa vez, pode ser que eu bata de volta.
— Também não é isso — repeti. — E eu não estava planejando bater em você. Muito.
— O que é então?
Dei de ombros.
— Fui atingida por um raio.
Douglas voltou para os quadrinhos.
— Certo. Feche a porta quando sair.
(“Quando cai o raio”, pag. 40-41, de Meg Cabot.
Série “Desaparecidos”, livro 1.)
P.S.: Só a Jéssica para anunciar algo assim com tanta naturalidade... Porque ser atingida por um raio acontece todos os dias, com todo mundo. XD
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